Não é necessário dizer que o café é paixão nacional. Não só o Brasil é o maior produtor de café do mundo, como também é o segundo maior consumidor, pelo que mostram as estatísticas da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Considerando as duas principais espécies de café, o Brasil é o maior exportador mundial de café arábica e o segundo maior de café robusta. O maior produtor mundial de café robusta é o Vietnã. Minas Gerais é o estado com maior produção de café do Brasil e corresponde a mais de 50% da produção nacional do produto e 17% da produção mundial.
Dentro das 15 regiões produtoras de café do Brasil, a diversidade de climas, condições, altitudes e tipos de solo podem ser vistas de norte a sul do país. São nessas propriedades que os produtores brasileiros melhoram a cada dia a qualidade das safras dos dois tipos de grãos cultivados e suas linhagens.
O café arábica (Coffea arábica L.) permite um cultivo em altitudes acima de 800 metros, o que favorece o plantio em estados como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e parte do Espírito Santo, entre outros. Já o café conilon (Coffea canephora), também chamado de robusta, possui menos acidez o que o caracteriza com um sabor único e um teor de cafeína maior. É interessante notar que, além de ser plantado em locais diferentes do café arábica, como Rondônia e parte da Bahia e Minas Gerais, o café conilon é utilizado principalmente para a manufatura de cafés solúveis e em misturas com o arábica.
As commodities integram um ambiente especulativo e volátil, no qual bolsas de valores ditam preços e influenciam seu valor tanto no mercado físico quanto no futuro. O café é parte deste círculo, com sua cotação estabelecida pela Bolsa de Valores de Nova York. Portanto, é importante que o cafeicultor entenda alguns movimentos que interferem diretamente em suas negociações, como a relação do câmbio e do preço nas bolsas de valores.
Essa relação é histórica, mas o ajuste do câmbio e das cotações nas bolsas não acontece na mesma proporção. Além disso, outros fatores fundamentais influenciam muito no mercado, como o clima, volume de exportações e previsões de safra.
Contratos futuros e de opções de café arábica são negociados principalmente na Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&F), na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque (NYMEX) e na Bolsa Intercontinental de Mercadorias (ICE).
Contratos futuros e de opções de café robusta são negociados principalmente na Bolsa de Mercadorias de Londres (LIFFE) e na Bolsa Intercontinental de Mercadorias (ICE).
Quando a moeda norte-americana se valoriza aqui, o preço do café em Nova York tende a cair porque no mercado externo ele é cotado em dólar, o que estimula os exportadores a vender mais, visando a maiores ganhos em real. Mas a correção é quase que automática, já que quem compra quer pagar o mesmo valor. E, na maioria das vezes, os produtores precisam fazer caixa e custear a safra seguinte.
Na verdade, essa correção não deveria ocorrer, e a valorização da moeda deveria ser repassada para o produtor, pois muitos insumos aplicados nas lavouras têm os preços fixados em dólar, pesando sobre os custos de produção, que também são alterados pelos aumentos dos salários, dos valores de manutenção dos maquinários agrícolas, da energia elétrica e dos combustíveis.
Um fator que contribui de maneira direta para o aumento da lucratividade do cafeicultor é a produção de um café com qualidade superior. Produzir um café de qualidade começa pela escolha da espécie e variedade, passa pelas condições de solo, altitude, relevo e clima, e incluem os cuidados durante o cultivo, colheita, secagem, classificação, armazenamento e transporte. Os produtores que conseguem produzir um grão diferenciado certamente têm vantagem comercial sobre aqueles atuantes no mercado de cafés comum.
Os cafés de alta qualidade têm acesso a canais distintos de comercialização, com significativos prêmios sobre as cotações básicas do Contrato C, negociado na Bolsa de Nova York, e não enfrentam a instabilidade que predomina no mercado das commodities.